29.9.08

Samba

- Faz a letra de um samba pra mim!

- "Mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bucado de tristeza, é preciso um bucado de tristeza, senão não se faz um samba não."

***

Foi um encontro rápido. Não sei se dela comigo ou se meu com ela.

***

De ponto e pó

Um laço atado
...Ido
A sobra de um amor
...Varrido

Trançando olhares
...Cores
Guardando segredos,
...Amores

A história de uma vida mal contada
...Vivida
O restante da graça
...Perdida

A cadencia de um samba
A menina que dança
A vida que segue
...balanço

25.9.08

Manhã


Minha manhã começa agitada ao sair de casa. 
Caminho rapidamente para parada.
O 56 passa logo em seguida e ao entrar, quando consigo ver, dou de cara com o motorista.
Homem negro, calvo e com aqueles sorrisos brancos, bem grande.
Quando passar pela roleta é uma opção, dou um tímido bom dia ou apenas sorrio.
A viagem é sempre muito animada.
As proporções do coletivo facilitam a intereração (mas não comigo).
Hoje, uma das passageiras teve direito a Parabens em uníssono.
As palmas não soaram, mas podia-se ouvir as vozes sendo puxadas pelo condutor.
Durante os 40 minutos ele tenta acalentar Sofia com sua voz (bebê que sempre está com sua mãe na cadeira logo atrás a dele), faz graça com uma senhora loira (inclusive hoje eles discutiram), comenta que precisa fazer as unhas, brinca com o palmeirense, puxa o coro. Além disso ele também dirige e passa trocos. Multi task man.
Hoje não segurei o riso. Quando começaram a cantar parabéns, estava sentada no final do ligeirinho (finalmente!) e a senhora, que minutos antes lamentava que fazia um ano que não tirava folga no fim de semana, caiu na gargalhada e disse que estava se sentindo numa besta escolar! 
Aos poucos o vazio e o silêncio foram dando espaço ao espaço.
Desci, com a sensação de já ter vivido bem na calorosa manhã de primavera.

23.9.08

Desacordo

O ritmo disso tudo...
As idéias desperdiçadas...

As convenções e crenças...
Para o bem geral da nação é que não foram criadas.

Que regras trarão a sua felicidade?
Me grava num cd. Deve ser a mesma pra mim.

Estou em desacordo, mas em breve devo acordar.

17.9.08

Pontos [e contos ] de ônibus

Fluxo.
Pessoas. Carros. Buzinas. Semáforos. Ônibus. Tempo.
Esse vai e vem repetitivo cria causos frente a nossos olhos.
Veja bem se não tenho cá comigo um pouco de razão.
***
Mais uma manhã. Atrasada como sempre. Esperando o ponto final do ônibus que mais lhe parecia o ponto final do mundo, tamanha demora. Costumeiramente, a essa altura, estava sozinha no ônibus. Nessa manhã, não. Um idoso, desses que a fazia lembrar seu avô, também desceria na próxima parada. Uma dificuldade tamanha na tentativa de coordenar seus membros trêmulos, sua bengala e o espaço exato entre os degraus da porta traseira. Desceu. Se colocou à esquerda da porta, firmou sua bengala no chão com a mão esquerda e dirigiu seu olhar para o alto com a mão direita estendida. Ela sorriu. Segurou a mão sem se apoiar. Agradeceu e retribui o bom dia. E por uns instantes, aquilo não lhe parecia mais o fim do mundo.
***
“- Eu vim de ônibus agora, sabe? Aí, você não acredita! Lá na altura da Marinha, sabe?”
Eu tive três segundos para imaginar o fim daquele relato - tempo que o interlocutor de minha personagem gastou para se localizar em seu intinerário.
Pois bem, comecei pensando que havia sido um assalto a ônibus, para manter a conversa na tendência da moda criminal atual; A sirene de uma ambulância da SAMU levou minhas hipóteses para um grave acidente, desses que seria, certamente, manchete no próximo noticiário.
[Meu raciocínio fôra interrompido. Ela voltara a falar].
Foi assim que perdi três segundos do meu dia. Mas devo confessar que me bastou os outros poucos instantes que se seguiram para fazê-lo voltar a valer a pena:
“- Menina, tinha um ipê amarelo muito lindo... todo amarelo!”
***

11.9.08

A que veio...

... nem sabe.
Entre tantos siricuticos e tirinetes...
É a espera por conexões de cores saltitantes aos olhos.
Ou é somente a desova de idéias que ainda nem nasceram...

Almofadas.
Cores.
Fotos, músicas, perfumes, livros, revistas e jornais.
Cinzeiros e copos.
Imaginação por todos os lados.

Entre e fique [muito] à vontade.